O Natal em minha casa é brutal. A entrega dos presentes começa dia 24 às 18h00 já com tudo jantado e entornado. Às 23h30 está tudo de malas feitas para fazer 30 mts até aos quartos! Este ano decidi repescar uma das tradições que entretanto ficou pelo caminho. Não, a minha bisavó já não está cá para me coser um bolso com uma notinha dentro de uma meia, não, já não me sinto com idade para fazer teatrinhos de natal, não, já não abro as prendas antes de dia 24 (com excepção das caixas de ferrero rocher que são facilmente detectáveis), não, já não vou ao pinhal apanhar musgo com o meu Pai, nope, já não vou à Feira de São Pedro de Sintra comprar uma árvore à séria, não, já não é a minha mãe que compra as prendas que dou aos meus avós, não, a Lena já não traz pinhas, bolas e carros de chocolate, não, já não vou à missa de 25 de manhã – prefiro a missa do Galo, não, o meu avô Quinta já não diz: “directamente da tailândia” a cada prenda entregue – reduziu a ladainha em 12%, não, já não é a minha avó que faz de mãe natal, é a minha irmã, às vezes já não há peru e já não se fazem filhoses (algumas com algodão lá dentro) no próprio dia… A minha mãe, no entanto, resiste a estas quebras e continuar a passar o chão com a esfregona enquanto o resto da malta já desembrulha os presentes. Para além desta listinha de memórias, há uma em particular, que decidi repescar para este ano. Lembro-me de ser (mais) puto e no final da maratona de prendas o meu Pai me dizer para ir à garrafeira ver o que lá estava. Fê-lo, penso eu, duas vezes na vida e das duas vezes ganhei uma bike novinha em folha! Este ano decidi inverter o processo, fui ao Bombarral ao sótão da minha avó e trouxe para Lisboa a primeira bina do meu Pai. Dos 42 anos de ferrugem, aproveitou-se o quadro, o garfo e decidi manter o selin podre. Graças ao trabalho do kiko da rcicla a bicicleta ressuscitou e este ano vai estar escondida no sítio do costume e no final da noite vou poder dizer: “olha Pai, agora vais ali abaixo à garrafeira que tens lá uma prenda para ti” (Não, o meu Pai não vai à net e só vai mesmo saber no dia 24…)
Granda prenda! A 1ª do meu pai só sei que era uma RALEIGH e que era disputada pedalada por dentro do quadro, pq ainda não tinha altura pra usar o selim.